O Boitatá

Crônicas e observações sobre o cotidiano.

5.7.04

2 de julho na Bahia

Bahia! A primeira coisa que veio na sua cabeça ou foi a beleza natural ou o carnaval, depois a hospitalidade, depois a tranqüilidade do povo, confundida com lentidão, etc. Tenho certeza que revolta armada do povo nas ruas nem mesmo estava na sua lista. Pois veja só:

Após a proclamação da independência, os portugueses decidiram continuar “atrás do trio elétrico” e o povo baiano pegou em armas para manda-los “fazer micareta” lá no quinto dos infernos. Essa revolta se estendeu até o dia 2 de julho de 1823, quase dez meses após o tal grito do, hoje canalizado e poluído, Ipiranga.

Um fato marcante nessa revolta foi o alistamento do soldado Medeiros que, após uma demonstração de bravura em uma batalha, arruinou sua farda, deixando à mostra seios não muito masculinos. Era Maria Quitéria, mulher-soldado. A sertaneja pobre era tão corajosa e tão boa soldadesca que o exército deu a ela o direito de permanecer na tropa. Ao fim da revolta, a moça foi até o Rio de Janeiro conhecer o imperador. Conta a história oficial que sua saia, parte de sua farda, era muito curta para a época, tipo "highlander escocês". Não teve ninguém macho o bastante para reclamar. Recebeu várias condecorações, mas morreu pobre e esquecida.

O povo baiano aproveita a data pra encher a cara e sair atrás de um trio. Viva Maria Quitéria! Viva a Bahia!