O Boitatá

Crônicas e observações sobre o cotidiano.

20.7.04

Dez Anos

–   Acabou! Acabou! Acabou! Galvão Bueno berrava a conquista do tetra na tv antiga da Adri S. enquanto eu caia de joelhos no chão. O Marcelo (como era típico de sua personalidade) berrava com os pulsos cerrados e agitando os braços numa comemoração comedida, a Adri D. pulava abraçada com a Adri S. sobre o sofá. Outras pessoas orbitavam naquela sala, mas não estão na história que lhes conto agora:
 
Marcelo e Adri D. se casaram e o maravilhoso Antônio nasceu. A Adri S. se mudou para Brasília alguns meses depois daquele dia, se casou com um amigo meu de infância e tem duas filhas lindas. Eu, depois de muitas tentativas e erros, descobri que, apesar dos muitos e muitos amigas e amigos conquistados em 14 curtíssimos e maravilhosos anos em São Paulo, deveria caçar a felicidade em outras selvas. Voltei para Brasília.
 
Passando momentos interessantes, resolvi, de uma hora para outra, visitar terras paulistanas. Não tinha planos, não sabia o que iria fazer, fiz alguns contatos, comprei a passagem e fui.
 
17 de julho – estou na casa do Marcelo e Ari D. brincando com o Antônio e com as filhas da Adri S. que, sem que tivéssemos planejado, também estava em terras paulistanas em visita aos antigos amigos. As crianças dormiram, nos sentamos, abrimos a segunda garrafa de vinho e brindamos. O relógio já marcava horas no dia 18 quando nos lembramos que haviam passado 3650 dias daquele momento tão feliz nas nossas vidas.
 
 Se fomos felizes nos últimos 10 anos? É claro! O tempo não permite eternidade enquanto estamos vivos, nascemos e morremos milhares de vezes, rimos e choramos outras milhares, só teríamos envelhecido se não tivéssemos renascido depois de cada morte, se não tivéssemos rido e chorado. O tempo é fugaz, não cruel. Bom é saber que nossa amizade ainda existe. Ainda é melhor não saber quantos amigos a gente tem, velhos ou novos amigos.