O Boitatá

Crônicas e observações sobre o cotidiano.

27.2.05

Potira, minha saci fêmea

A Potira, minha saci fêmea, faleceu semana passada, o Caetano, tratador, me ligou para dar a notícia. Não é um assunto que falo muito, pois este é um dos requisitos para quem quer apadrinhar sacis, rompo meu silêncio pelos óbvios motivos de indignação e tristeza.

A Potira era do tipo mantiqueira, raça de porte menor e grande robustez, ela me foi confiada, junto com o Peri (o macho) a uns oito anos por um criador de Caçapava que conheci em uma viajem. Por ser um animal que necessita de um trato delicado e que morre, se retirado da mata ou em contato direto com o sol, apadrinhar é a forma certa de cuidar deste ser fantástico, que foi tratado como mito por tanto tempo.

Alguns criadores do oeste paulista criam em viveiros, até se adaptarem, depois soltam em glebas de mata nativa, os meus foram soltos assim que chegaram, pois, tinha um ótimo bambusal na propriedade e eles ainda eram filhotes, em fase de desmame. Os biólogos da USP estão com um projeto de corredores verdes que ajudou muito no repovoamento. Há uma torcida para que os números de indivíduos volte ao aceitável, como o mono-carvoeiro, que já possui um estudo de preservação bem avançado, apesar de ainda estar em processo de extinção.

Este arisco e sensível primata tem que ser preservado, sua semelhança com o homem e sua inteligência são únicas. A Potira nos encantou como quatro lindos filhotes, Caetano vai levar Peri de volta a Caçapava para evitar a consangüinidade pois outros sacis mantiqueira já foram vistos na região e eu me sinto orgulhoso por ter ajudado neste processo. Hoje, vivendo em região de cerrado, sinto que será difícil ver sacis novamente, espero que meus netos possam ter este prazer. Saudades.

Associação Nacional dos Criadores de Saci – Clique aqui